Nascido e criado no Crato, o primeiro-tenente Sócrates Alves Honório de Souza atua também, desde que ingressou no CBMCE, no município caririense. Em pouco mais de dois anos, já perdeu as contas de quantos incêndios em vegetação teve que enfrentar. “No segundo semestre, é um atrás do outro. Não para. Tanto no Crato quanto nos municípios vizinhos”, explica.

Queimadas mal-planejadas e mal-executadas tomam proporções assustadoras, podendo se alastrar por dezenas de hectares. O resultado é ameaça recorrente de dano à vida e ao patrimônio. O prejuízo para o meio ambiente é certo. E o desgaste físico intenso dos bombeiros que atuam nesse tipo de ocorrência, também. “A mesma guarnição pode passar as 24 horas do serviço apagando o mesmo incêndio florestal. Às vezes até mais do que isso”, revela.

Com a experiência adquirida no combate ao fogo na vegetação ressequida da caatinga, o tenente Sócrates aceitou o desafio de ser o primeiro oficial lotado no interior do Ceará a enfrentar um curso na área de incêndio florestal fora do estado. Juntamente com o primeiro-tenente Waldomiro Loreto do Nascimento, do Quartel do Icaraí, ele esteve em Goiás por quase três meses para o Curso de Prevenção e Combate a Incêndio Florestal (CPCIF) promovido pelo Corpo de Bombeiros Militar daquela unidade da Federação.

O curso, o mais longo de natureza operacional oferecido por aquela instituição, contou com a participação de 17 militares de três estados. Desses, 15 conseguiram concluir a formação. O tenente Sócrates ficou em primeiro lugar, com a média geral 9,873, fazendo jus ao Facão Florestal que traz grafado seu nome na lâmina.

Entre o técnico e o físico

“O curso foi muito profissional. Aprendemos muitas técnicas especificamente na área de combate a incêndio florestal, mas também em diversas áreas próximas, como orientação com bússola e GPS, meteorologia, topografia, peculiaridades do cerrado, uso de drone, Sistema de Comando de Incidentes e sobrevivência em ambiente de selva”, avalia o oficial.

Em cursos militares, costuma-se dizer que o conhecimento tem um custo, que pouco tem de monetário. No caso do CPCIF não foi diferente. “Muitas disciplinas voltadas para o condicionamento físico, com marchas que exigiam força, devido às subidas íngremes que chegavam a 8 km transportando bomba costal, e com marchas de longa duração, que exigiam resistência, como uma de 50 km que fizemos transportando o fardo de combate”, relata o tenente Loreto.

O esforço físico extenuante que atravessava os dias entremeado, às vezes, por pouquíssimas horas de sono, abalava o moral dos que enfrentavam o curso na condição de alunos. As longas marchas conduziam os militares de um incêndio para outro, que precisava ser combatido por meio das estratégias e das técnicas aprendidas nas aulas. “Em alguns momentos, a gente se perguntava o que estava fazendo ali, sob uma rotina rigorosa, tanto tempo longe de casa, da família, dos filhos. Mas então recuperávamos o ânimo para conseguir chegar até o fim e fazer valer todo o esforço”, relembra o oficial do Icaraí.

Legado

Desde 2017, o coronel comandante-geral do CBMCE, Heraldo Maia Pacheco, tem investido na estratégia de enviar militares para cursos fora do Estado com o compromisso de que eles, ao retornarem, organizem e executem cursos menores na mesma área em que se especializaram Brasil afora. O projeto visa a qualificar cada vez mais a tropa nas diversas frentes de atuação operacional da Corporação. Após a realização de cursos de resgate, salvamento aquático e combate a incêndio urbano, chegou a vez do incêndio florestal.

“O nosso principal objetivo para o Ceará é repassar o conhecimento através dos cursos básicos no ano de 2019, para implantar uma cultura de abnegação e comprometimento com a atividade que requer o combate a incêndio florestal, para que, em 2020, a gente organize nosso próprio CPCIF e dê continuidade ao desenvolvimento dessa área operacional tão importante para o nosso estado”, garante o tenente Sócrates.

Com informações SSPDS

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