B.O. Explosivos

O Boletim de Ocorrência registra o roubo da carga de explosivos em Aquiraz, dia 20

O roubo de uma carga avaliada em R$ 40,2 mil foi o “estopim” para o início da mais nova onda de atentados criminosos que devasta o Ceará há exatos nove dias, neste começo de 2019, sem perspectiva de trégua. Era por volta de 13 horas do dia 20 de dezembro último, quando uma quadrilha fortemente armada rendeu um caminhoneiro na rodovia estadual CE-350, a conhecida Estrada da Coluna, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), e roubou uma “preciosa” carga para o crime organizado: 5,7 toneladas de explosivos.

Além da carga explosiva, havia também no caminhão os apetrechos necessários para a sua detonação. No Boletim de Ocorrência (B.O.) registrado naquele mesmo dia na Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC), o motorista rendido pelos criminosos (identidade preservada) narrou com detalhes para a Polícia como foi rendido pela quadrilha e obrigado a entregar o caminhão com todo o material explosivo. Além de 5.700 quilogramas de explosivos diversos, também foram roubados 3 mil metros de cordão detonante e 430 peças de detonador não elétrico.

Ainda no mesmo dia, o caminhão foi localizado graças ao rastreamento eletrônico. Foi abandonado pelos ladrões no 4º Anel Viário, próximo ao clube Hangar, mas já sem o carregamento. Daquela data até agora, nenhuma pista sobre os ladrões foi levantada. Sabe-se apenas que na hora do ataque ao caminhoneiro eles ocupavam um automóvel modelo Corsa Sedan, azul, quatro portas.

Salve geral

Quatro dias do roubo da carga explosiva, bandidos publicaram nas redes sociais aquilo que seria um aviso de que uma nova temporada de ataques e atentados estaria por vir. Disseram que não iriam aceitar a “opressão do Estado” nas cadeias do Ceará. Estavam certos de que a nova gestão do Sistema Penitenciário pretendia acabar com os “privilégios” da massa carcerária, entre eles, a divisão das Casas de Privação Provisória da Liberdade, as chamadas CPPLs, por facção. Além disso, no “Salve Geral”, eles já se antecipavam à fala do secretário Luís Mauro Albuquerque, ao afirmar que não aceitariam o fim dos telefones celulares nas celas. Mas as medidas vieram logo após a posse de Albuquerque no cargo.

Com a “munição” nas mãos, as facções não perderam tempo em iniciar a “guerra ao Estado”. E já na madrugada do dia 3, horas após terem início os incêndios em coletivos, aconteceu a primeira demonstração de força dos criminosos com o uso dos explosivos: o atentado que destruiu parte da estrutura de sustentação do viaduto na BR-020, em Caucaia.

Segundo informes levantados pelos setores de Inteligência, a carga de cinco mil quilos de explosivos foi distribuída entre os diversos braços das facções Guardiões do Estado (GDE) e Comando Vermelho (CV) em favelas e bairros da Capital e também na Região Metropolitana e Interior. O objetivo era um só: implantar o terror e causar grandes estragos em equipamentos da malha viária do Ceará. E assim foi e continua sendo feito.

Após o atentado na BR-020, ao menos outros seis já foram perpetrados com os explosivos roubados na tarde do dia 20 de dezembro.

Ainda na madrugada do dia 3, bandidos tentaram explodir o viaduto próximo à fábrica de cachaça Ypióca, na CE-040, em Messejana. O material foi recolhido pela Polícia e a explosão não aconteceu.

Três dias depois, no dia 6, o alvo dos criminosos foi uma ponte na estrada que liga as cidades de Varjota e Santa Quitéria. A explosão causou avarias no equipamento, que foram reparadas pelos técnicos do Departamento Estadual de Rodovias e Transporte (DER).

Mais explosões

Também no fim de semana, outro atentado semelhante ocorreu no interior. Desta vez na região do Vale do Jaguaribe, quando artefatos foram explodidos na ponte do Peixe Gordo, na BR-116, próximo às cidades de São João do Jaguaribe e Tabuleiro do Norte. Buracos foram deixados na pista, comprometendo sua estrutura.

O quinto atentado aconteceu na Ponte dos Tapebas, na BR-222, no Município de Caucaia, na RMF, onde também uma carga explosiva deixou buracos no piso do equipamento, mas não chegou a comprometer a estrutura.

Nas últimas 24 horas, em duas ocorrências atendidas pela equipe Anti-Bombas do Gate, houve o registro de uso de explosivos. Na tarde de ontem (9), artefatos foram localizados próximo à Estação do Metrofor (Linha Sul) em Parangaba. Já na madrugada de hoje, aconteceu a explosão no viaduto do VLT no mesmo bairro.

Artefatos

Em diversas outras ocorrências, a Polícia também recolheu artefatos explosivos que acabaram sendo detonados pelo Gate. Na tarde de terça-feira (8), bandidos foram cercados no Morro de São Tiago, na Barra do Ceará (zona Oeste da Capital), com artefatos que, segundo eles, seriam usados para explodir os pilares da Ponte do Rio Ceará, no limite de Fortaleza com Caucaia.

O material explosivo já utilizado, no entanto, não chega nem perto do total roubado pela quadrilha na Estrada da Coluna. Fontes policiais afirmam que há uma grande possibilidade de que novos atentados em pontes, viadutos, passarelas e rodovias aconteçam, caso a onda de ataques continue. “Tem muito explosivo por aí, nas mãos da bandidagem, e isso representa um perigo de novos atentados a qualquer momento”, disparou o agente de Inteligência.

Com informações Fernando Ribeiro

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