Evento discute a agricultura familiar na geração de emprego e renda a partir de práticas sustentáveis, produção modernizada e garantia de mercado consumidor

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O número de desempregados no Brasil foi de 13,2 milhões de pessoas, em média, no trimestre encerrado em maio, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).  Nos últimos dois anos, as grandes cidades assistiram o desemprego acentuar-se enquanto fenômeno urbano. Na contramão disso, a agricultura familiar tem assumido protagonismo preponderante na geração de trabalho e renda no campo.

A atividade representa 84% dos estabelecimentos rurais no país. O Ceará ocupa o quarto lugar no ranking dos estados brasileiros com o maior número de estabelecimentos familiares, com mais de 340 mil propriedades desse tipo, o que corresponde a 90% das unidades rurais do estado de acordo com o Censo Agropecuário do IBGE.

Para Francisco Júlio, 55 anos, que fez o caminho inverso de milhares de agricultores que saem do campo em direção à cidade, essa foi a alternativa para melhorar as condições de vida família. O contador trocou a vida em Quixadá, a maior cidade do Sertão Central, onde residia, pelo campo, por necessidade.

“Meu pai foi agricultor e criou os 14 filhos com muito suor na lida com a terra. Ele nos deixou em uma situação financeira confortável. Não era rico, mas morreu sem deixar nenhuma dívida. Tínhamos algumas propriedades, mas o maior legado que ele nos deixou foi o trabalho. E eu sempre tive muita vontade de voltar a morar no campo”, conta.

Em 2001, Francisco Júlio era presidente da Associação dos Colonos do Riacho Verde, em Quixadá. Em busca de uma terra onde houvesse água, encontrou no pequeno município de Morada Nova, às margens do Rio Banabuiú, o começo de uma nova história. “Eu cheguei em uma situação de não pedir esmola porque não tinha um saco plástico. Mas com persistência, comprei 50 pintos. Minha mulher brigava porque não tínhamos dinheiro para nada. Hoje, tenho 4 mil aves”, explica o agricultor que também produz ovos e pimentões.

Com os três filhos, a esposa e a nora no negócio da família, o ex-contador garante que está satisfeito com os resultados do trabalho e não pretende voltar para a cidade grande. Hoje, os principais desafios que Francisco Júlio lista são a estiagem prolongada aliada aos cortes no orçamento das políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). “O agricultor cria uma expectativa e acaba, muitas vezes, perdendo sua produção. Outro grande gargalo está na falta de orientação. Essa é nossa única fonte de renda, mas muitos não sabem nem quem procurar para participar dos programas do governo”.

Um bom exemplo é a história da agricultora Arnóbia Galiza, 42 anos, moradora da comunidade do Arraial, zona rural de Limoeiro do Norte, que montou uma pequena queijaria no quintal de casa. Ela conta que em 2007 recebeu incentivo para realizar cursos na área de laticínios no Instituto Federal (IFCE). Quatro anos depois, em 2011, começou uma pequena produção em casa. “No início não foi fácil. Mas logo surgiu um convite para participar de uma capacitação e ampliar nossos conhecimentos também através da assistência técnica. Aos poucos fomos investindo em equipamentos e na melhoria do espaço com recursos da oferta de crédito. E hoje nossos produtos abastecem tanto o mercado interno, quanto o de outras cidades”.

Ciclo de Seminários

Diante desta percepção sobre o potencial da agricultura para o sustento da família e como forma de renda, o Instituto de Arte, Cultura, Lazer e Educação do Ceará (Iarte), com o patrocínio do Instituto Agropolos, realizará no próximo sábado, dia 25 de agosto, das 8h às 13h, a 5ª e última etapa do Ciclo de Seminários “Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar”, na Escola Profissionalizante, no município de Morada Nova.

A região escolhida para sediar a última etapa do Ciclo de Seminários se destaca na produção de carne, leite e derivados. Criações de ovinos, bovinos e caprinos garantem para muitas famílias o sucesso do agronegócio. A cidade de Morada Nova, por exemplo, empresta seu nome a uma espécie de ovinos deslanados, bastante apreciada no mercado internacional. Além disso, o município tem potencial para que se implante um Polo de Fruticultura Orgânica, com foco na cultura da acerola.

A ideia, de acordo com o coordenador técnico do evento, Antônio José, é debater o cenário e as perspectivas para agricultura familiar, tendo como objetivo discutir medidas práticas para o desenvolvimento social e econômico do Vale do Jaguaribe. “A importância dessa iniciativa vai desde a conscientização da sociedade sobre o potencial da agricultura para o sustento da família e como forma de renda para uma comunidade, até as ações de orientação do produtor sobre os melhores meios de produção, as soluções para as dificuldades de se lidar com as culturas, a comercialização dos produtos e o acesso às políticas públicas de fortalecimento do setor”.

Dentre as atividades programadas para o Ciclo de Seminários destacam-se palestras com temáticas importantes para o setor, como “políticas públicas para agricultura familiar”; “empreendedorismo na agricultura familiar”; e “segurança alimentar e nutricional na agricultura familiar”.

O Ciclo de Seminários “Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar” percorreu outras quatro cidades, representando as macrorregiões do Estado: Barbalha (Cariri), Quixadá (Sertão Central), Aracati (Litoral Leste) e Itapipoca (Litoral Oeste).

Programação

8h – Acolhida: Atividade Cultural

8h30 – Café da manhã regionalizado

9h – Solenidade de abertura

9h30 – Painel: Políticas Públicas para a Agricultura Familiar no estado do Ceará

Presidente do Instituto Agropolos, Ana Teresa Carvalho

Secretário do Desenvolvimento Agrário, De Assis Diniz

 

10h30 – Painel: Empreendedorismo na agricultura familiar – Experiência exitosa do Vale do Jaguaribe. Apresentação dos agricultores familiares:

José Weliton Rodrigues

João de Deus Girão Filho

Raimundo de Moura Tomaz

Exibição de vídeo – Depoimento da agricultura familiar Arnóbia de Sousa Lima de Galiza

 

11h30 – Painel: Segurança alimentar e nutricional na agricultura familiar (Debate/ Ação de interatividade)

Presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Francisca Malvinier Macedo

13h00 – Almoço e encerramento

Serviço:  5ª etapa do Ciclo de Seminários “Cenários para o Fortalecimento da Agricultura Familiar”

Data: 25 de agosto

Horário: 8h às 13h

Local: Escola Profissionalizante – Rua Aluízio Gonzaga Lima, S/N, bairro 02 de Agosto – Morada Nova

Fonte: Tribuna do Ceará

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