Dezenas de garotas com idades entre 12 e 20 anos foram mortas no Ceará nos últimos anos por ordem de facções.

Em apenas dois anos, entre 2018 e 2019, nada menos, que 629 mulheres foram assassinadas no Ceará. No ano passado, foram 229 vítimas de homicídios, latrocínios e feminicídios, e entre estas figuraram 47 jovens e adolescentes, com idades entre 12 e 20 anos. A matança de meninas deixou 24 vítimas. Eram adolescentes que, em sua maioria, acabaram tendo morte cruel, com casos não raros de decapitação e esquartejamento, torturas e queimaduras. Nas palavras do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, no fim de semana, o Ceará, as facções “têm matado crianças e adolescentes do sexo feminino”.

As declarações de Gilmar Mendes em entrevista à Folha de São Paulo, na edição deste domingo (5), são confirmadas nas estatísticas criminais do Ceará. Entre os dois anos citados no começo desta matéria, mais de 60 garotas, a maioria adolescentes, foram mortas por ordem de chefes de facções criminosas, na guerra travada entre o Comando Vermelho (CV) e a Guardiões do Estado (GDE).

Sequestradas ou raptadas, seja de dentro de casa ou em veículos, as jovens são levadas para o “Tribunal do Crime”, onde são “julgadas e condenadas” pelos assassinos e traficantes de drogas. Muitos corpos em pedaços são deixados dentro de carrinhos de reciclagem ou em sacos atitados ao lixo. Assim aconteceu, dezenas de vezes em 2018, e assim se repetiu em 2019. “As imagens das vítimas são veiculadas nas redes sociais para “marcá-las”, afirma Gilmar Mendes. E completa: “Faz-se urgente uma política nacional de segurança que use as novas tecnologias para identificar os criminosos”.

O ministro se referiu às constates imagens produzidas pelos próprios assassinos que fazem questão de postá-las nas redes sociais para demonstrar a frieza e a crueldade da facção ou do grupo envolvido no crime. Antes da execução das vítimas, estas passam por uma espécie de ritual, em que são obrigadas a aparecer nos vídeos revelando que são ligadas a uma determinada facção e que, por esse motivo, serão eliminadas. A sessão de tortura começa com o corte de cabelo, segue com espancamentos ou esquartejamento (com as vítimas ainda vivas) até o ato final, quando são fuziladas. Muitos corpos aparecem com pés e mãos amarrados. As vítimas não têm chance alguma de defesa.

Corpos de garotas, decapitados, esquartejados ou carbonizados tornaram casos rotineiros no noticiário policial local a partir de 2015, com a eclosão da guerra das facções, que chegou ao seu ápice em 2017, quando o Ceará registrou o recorde de 5.332 assassinatos, uma carnificina que ficará marcada na história do estado.

Mesmo a redução significativa dos índices criminais em 2019 (em comparação a 2018), o Ceará ainda registra os crimes brutais contra as “novinhas”,isto é, garotas jovens ou adolescentes, arrastadas para a morte por ordem das facções.

Foi o que aconteceu, por exemplo, na madrugada do dia 10 de novembro, quando os corpos de Kayane de Andrade Santana e de Luana Lucas Ribeiro, ambas com 16 anos, foram encontrados com marcas de tiros e torturas em um terreno baldio no Conjunto José Walter. As duas jovens eram amigas e vizinhas, moradoras do bairro Vicente Pinzón, na zona Leste de Fortaleza. Na noite anterior, um sábado, haviam saído juntas para participarem de uma festa em uma barraca de praia na Avenida Beira-Mar. Depois, disso, não se sabe o que aconteceu. O crime continua sob mistério.

Já na tarde do dia 25 de novembro, um corpo do sexo feminino, sem cabeça, pernas e braços, foi encontrado no leito do Rio Cocó e resgatado pelos bombeiros. Foi mais um crime misterioso e que continuam sendo investigado.

Na noite deste domingo (5), mais um corpo do sexo feminino, em pedaços, foi deixado nas ruas de Fortaleza. O caso aconteceu na Praia de Iracema, na zona nobre da Capital.

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