Taxistas fecharam via pública no Centro de Quixadá, nesta segunda-feira, 20.

A questão toda parte, primeiro, do seguinte ponto: a maioria – a ampla maioria, diga-se de passagem -, dos motoristas que fazem transporte alternativo de passageiros de bairros mais distantes para o Centro de Quixadá está em situação claramente irregular.

Para começo de conversa, não possuem alvarás que os permitam realizar o serviço que realizam. Nas condições em que se apresentam atualmente nem poderiam possuir. Muitos dos veículos usados não apresentam as mínimas condições para a tarefa que executam, alguns chegando ao ponto de colocar em risco a própria segurança dos passageiros. Se a prefeitura fosse levar a legislação ao pé da letra, quase todos seriam retirados de circulação.

Motoristas fecharam a Rua Basílio Pinto, no Centro da cidade, em protesto porque as vagas que costumavam usar há anos foram transformadas em estacionamento para idosos e deficientes.

Na manhã desta segunda-feira, 20, vários deles fecharam a Rua Basílio Pinto, no Centro da cidade, em protesto porque as vagas que costumavam usar há anos foram transformadas em estacionamento para idosos e deficientes. Nem é preciso dizer que o fechamento da rua causou um rebuliço no local, forçando cidadãos que nada tem a ver com a questão a tomarem outras rotas de circulação.

Conseguem entender a que ponto Quixadá chegou? Motoristas sem alvarás para trabalharem como taxistas, passíveis de serem retirados de circulação por imposição da legislação nacional de trânsito, sentiram-se à vontade para fechar uma via pública e exigir que seu costume de estacionar irregularmente seja respeitado. Irregularmente sim, porque num espaço para estacionamento de no máximo quatro veículos, por vezes eram colocados mais de dez. Triste herança das últimas gestões, que transformaram a cidade em terra sem ordem, sem organização, sem direção, em terra de ninguém.

“Mas são trabalhadores, pais de família, e eles retiram dali o seu sustento”, é o primeiro argumento que vem à mente  para mantê-los naquele local. Aqui entra em questão a visão que a pessoa tem do que significa respeitar a coletividade. Se para o indivíduo é melhor permitir que trabalhadores atuem de qualquer forma, livres de qualquer legislação ou ordem pública, em nome do sustento familiar, ele será favorável a que se deixe a situação do jeito que já estava. Mas se a pessoa entende que o respeito à ordem, oriunda do acatamento à legislação, é o que faz de uma cidade um lugar moderno e melhor para se viver, ela será contrária a que a situação continue como estava.

Ademais, em qualquer cidade moderna se exige das categorias de trabalho, como a dos taxistas, requisitos específicos para atuação. O alvará é um deles. Repito: se a prefeitura de Quixadá fosse levar a legislação ao pé da letra, a maioria destes trabalhadores seriam impedidos de continuar circulando em seus veículos para tal tarefa. Simples assim.

Isto não significa que não se deve fazer nada para ajudar tais trabalhadores. Deve haver, antes de tudo, diálogo com eles. A situação deve ser exposta exatamente como ela é: eles estão irregulares, estão estacionando errado e precisam reconhecer que a cidade de Quixadá – como ente defensor dos interesses mais amplos da coletividade – não pode aceitar a manutenção desta situação. Como não deve aceitar a manutenção de tantas outras que, espero, com o tempo sejam corrigidas, tais como a ocupação absurda das calçadas do Centro por mesas e cadeiras dos bares, pizzarias e lanchonetes.

Soube que o chefe do Departamento Municipal de Trânsito, Higo Carlos, esteve reunido com os taxistas no fim da manhã, logo após o encerramento do protesto, e que ele ofereceu a possibilidade deles estacionarem seus carros na Rua Francisco Enéas de Lima, em frente à cooperativa, na mesma rua em que se localiza a agência dos Correios, apenas um quarteirão depois do local atual. A proposta foi recusada pelos taxistas. Para todos os efeitos, então, não se pode dizer que a chance deles continuarem trabalhando não foi dada.

Honestamente falando, tenho a impressão de que qualquer grupo político que assuma a prefeitura e que permita que a cidade continue desorganizada, sem respeitar as leis, não merece o posto de direção municipal. Aliás, se não for para o poder público tentar dirigir a organização da cidade, melhor que ele nem exista. Com informações Diário de Quixadá